Université de Genève - Faculté de psychologie et des sciences de l'éducation - Sciences de l'éducation

 


Philippe Perrenoud
Por que construir competências a partir da escola ?
Desenvolvimento da autonomia e luta contra as desigualdades

Curitiba : Editora Melo
2011




Os textos reunidos nesta obra foram lançados no ano de 2001, em Portugal. Eu hesitei em retomá-los em 2010, numa edição brasileira, pois estou trabalhando na síntese dos meus trabalhos sobre o desenvolvimento das competências a partir da escola. Mas, como esse grande volume de síntese ainda não está concluído, por que não disponibilizar textos que possam contribuir para a reflexão dos professores?

O conteúdo desta obra continua sendo muito atual, pois há ainda muito trabalho a ser feito no âmbito das competências. Na maioria dos países, a reformulação dos programas de ensino e dos objetivos da educação fundamental em termos de competências está, e provavelmente estará ainda por muito tempo, na ordem do dia.

Essa evolução segue diferentes cronogramas e assume diversos aspectos. Em alguns países, isto ocorre de forma bastante lenta, em outros, esse processo foi interrompido pela conjunção de vários fatores: a crise, as resistências por parte de professores e intelectuais, a precipitação e a inabilidade dos governos, a falta de consistência da concepção.

Mesmo nos países onde esse processo foi devidamente implementado, os novos currículos constituem apenas um primeiro esboço, cujo conteúdo deverá ser revisto ao longo dos próximos anos, tal como ocorre, normalmente, em toda reforma curricular de grande envergadura. Mas isto é também uma consequência lógica do fato de não terem sido realmente consideradas duas contradições.

A primeira diz respeito à articulação entre conhecimentos e competências. Provavelmente, será mais fácil conseguir convencer os céticos que não há competências sem conhecimentos, do que decidir-se a ensinar menos conhecimentos visando dispor de tempo para que os alunos aprendam a aplicar esses conhecimentos em situações complexas. A esses dois obstáculos acima identificados, acrescentamos um terceiro: se as reformas curriculares não preparam devidamente para a vida, elas não terão praticamente nenhum interesse. E se essas reformas não tiverem a ambição de preparar melhor os jovens para a vida que os espera, não exigirão menos saberes e sim outros saberes além daqueles que já têm a primazia nos programas atuais.

Essa conscientização despertará uma outra contradição que permeia o sistema educacional: aqueles que estarão na vida ativa (ou desempregados) entre 15 e 20 anos de idade não têm as mesmas necessidades nem as mesmas expectativas daqueles que seguirão a via prestigiosa dos estudos universitários e sairão do sistema educacional na idade de 25 anos. Essa problemática não é nova, mas a orientação relativa às competências recolocará, de modo brutal, esta questão: quem tira proveito da escola? Evidentemente, como pano de fundo, há o conflito de visão e de interesses entre as classes sociais, pois ninguém mais ignora que as chances de sobrevivência nos estudos dependem fortemente da origem social.

                                                                                        

 

Índice


Introdução. Desenvolver competências a partir da escola?
As críticas e os receios
As resistências menos confessáveis
Os problemas abertos
Plano da obra
 
1. Construir competências é virar as costas aos saberes ?
Não há competências sem saberes
Uma competência mobiliza saberes
Que competências privilegiar?
Assumir o reverso da medalha
 
2. Abordagem por competências: uma resposta ao insucesso escolar
Desenvolver competências na formação geral
Para que a abordagem por competências seja democratizante
Os professores e a sua relação com o saber
Abordagem por competências e pedagogia diferenciada
Para concluir
 
3. A chave dos campos sociais : ensaio sobre as competências de um actor autónomo
Colocar a questão ou como resistir à tentação do “politicamente correcto”?
Competências transversais?
Agir num campo social
Defender os próprios direitos e interesses, uma competência?
Quais as competências para ser autónomo?
Formar para uma prática reflexiva
  
4. Aprender na escola através de projectos : porquê? como?


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